Um breve estudo sobre o uso da Informática na educação no cenário atual*
Em um mundo em que diariamente temos de conviver com novas tecnologias e o maior fluxo de informações que vêm se processando, é necessário que não estejamos inertes ao processo de produção de cultura como um todo. Participamos ativamente do mesmo, sendo agentes na construção de um novo mundo, difusor cada vez mais de novas opções nas várias áreas de conhecimento humano. O que mais se tem verificado é o fato do gradativo uso do computador como uma ferramenta para a produção do conhecimento. Em vários lugares, especialmente altos centros de tecnologia e informação, ele é o meio principal para a produção do saber. Com a educação, essa crescente utilização de ferramentas computacionais não é diferente. A inserção da Informática na educação é uma realidade e não merece maior discussão, haja vista que a sua não utilização por parte das escolas representa um atraso imenso, tanto tecnológica como culturalmente. Leia Mais...
Porém, apesar de estarmos no século XXI, tempo de grandes mudanças muito rápidas e da emergência diária de novas tecnologias, ainda vemos muitas escolas apenas vivenciando o ensino do século XVIII, época em que Comenius propôs um modelo de educação baseado na sala de aula com um professor na frente de seus alunos, que por sua vez atentavam, semi-atentavam ou mesmo tentavam atentar ao que o mesmo proferia. Para esses centros de ensino, a educação tem de mudar. Por conta disso, muito já tem sido pesquisado e investido acerca do uso da Informática, mais especificamente do seu “filho” mais bem-sucedido, o computador, como um meio facilitador da aprendizagem e auxiliar do professor. Com isso, chegou-se a alguns pré-conceitos sobre o assunto, destacando-se o aprender a aprender, que nada mais representa atualmente que o Construtivismo proposto por Jean Piaget. Outro questionamento a que se chegou foi o da substituição do professor pela máquina, o que na realidade está longe de ocorrer, já que o estudante, ao usar ferramentas computacionais que o auxiliem em sua atividade, precisa de um incentivador, o professor no caso, que irá conduzir, dizer caminhos pelos quais os alunos passarão. Todavia, vale ressaltar a dura crítica que Vallin (2005) faz sobre alguns professores: “Há professores que não passam de meros reprodutores de frases, exercícios e aulas. Embora existam, esses não merecem o título. Pegam o livro didático, ou a apostila da matriz e vão seguindo. Para estes, pode ser difícil elaborar propostas de uso do computador”.
Muitos meios já foram propostos como saída para o uso da Informática como facilitador da aprendizagem, como o uso da Internet como ferramenta de busca, os mensageiros instantâneos como forma de trocar informações e dados entre os estudantes, os fóruns com a mesma função dos mensageiros mas não em tempo real, entre outros. No entanto, apesar da infinidade de meios capazes para o aprimoramento da educação com suporte na Informática, a forma que tende a ser a melhor e a mais eficaz, se bem desenvolvida e aplicada, é a do software educacional. A quantidade desses programas existentes no mercado é imensa, mas poucos são de qualidade, haja vista que a sua produção é feita basicamente por programadores, que pouco ou quase nada sabem de pedagogia escolar, conhecimento este que os educadores possuem, faltando-lhes, entretanto, saberes na área de programação.
Apesar disso tudo, o que se verifica é uma excessiva teoria ainda, enquanto a prática deixa a desejar. Muitas dissertações de mestrado e teses de doutorado já foram defendidas tendo por base esse uso da Informática e suas ferramentas como artefatos mediadores do processo ensino-aprendizagem, entretanto pouco até hoje foi provado acerca de sua real viabilidade, limitando-se à sua análise ergonômica e, mesmo assim, bastante deficitária nesse aspecto. Outro fato notório é o derramamento ou depósito de conhecimento exacerbado por parte do professor no estudante, que é algo que todos estão cansados – apesar de acostumados – querendo formas diferentes de produzir seu saber. O computador e o professor como desafiador e não repassador seriam saídas para esse “diferente” pretendido. As tecnologias estão aí para serem usadas e, como nos afirma Bill Gates, que é presidente, diretor-geral e presidente do conselho da gigante Microsoft, uma empresa de software de 45 bilhões de dólares, “de todos os seus usos e aplicações potenciais, o principal e mais importante emprego da tecnologia da informação está no aperfeiçoamento da educação”.
* Artigo publicado no Jornal Semanal de 28 de outubro de 2005. (Universitário)
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